A cantora baiana Claudia Leitte está sendo investigada pelo Ministério Público da Bahia por suposta intolerância religiosa após alterar a letra da música "Caranguejo" durante um show realizado em Salvador no último sábado (14). A informação foi confirmada pela promotora Lívia Sant'Anna Vaz, da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, à Folha.
Durante a apresentação, a cantora substituiu a expressão "saudando a rainha Iemanjá" por "eu canto meu rei Yeshu'a", termo hebraico que significa Jesus. Evangélica há 12 anos, a cantora causou indignação em representantes de religiões de matriz africana.
A representação foi formalizada pelo advogado Hédio Silva Jr., coordenador-executivo do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro), e pela sacerdotisa Jaciara Ribeiro, do terreiro Ilê Axé Abassa de Ogum. O documento classifica a alteração como uma "conduta difamatória, degradante e discriminatória".
“O procedimento foi instaurado para apurar a responsabilidade civil diante de possível ato de racismo religioso consistente na violação do bem cultural e dos direitos das comunidades religiosas de matriz africana”, afirmou a promotora Lívia Sant'Anna Vaz em nota oficial.
Com a abertura do inquérito civil, o MP-BA investigará possíveis danos ao patrimônio cultural e à dignidade das comunidades religiosas de matriz africana. Dependendo das conclusões, podem ser aplicadas medidas como indenização por danos morais coletivos e obrigações para evitar a repetição de condutas consideradas ofensivas.
A música "Caranguejo", escrita por Alan Moraes, Durval Luz, Ninho Balla e Luciano Pinto, foi lançada por Claudia Leitte em 2004, quando a artista ainda fazia parte da banda Babado Novo, sendo posteriormente incluída no álbum "Axémusic", de 2014.
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