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“A fome dói para dentro”, diz Lula no lançamento do Plano Brasil Sem Fome, em Teresina

“A fome dói para dentro”, diz Lula no lançamento do Plano Brasil Sem Fome, em Teresina
Presidente Lula e primeira-dama, Janja, abraçam uma mulher durante a cerimônia de lançamento do Brasil sem Fome, no Theresina Hall, em Teresina (PI) - Foto: Ricardo Stuckert / PR

Emocionado pelo tema, que o comove e o remete a um período difícil de sua vida, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu assim, nesta quinta-feira (31), em Teresina, uma dura realidade que hoje atinge cerca de 33 milhões de brasileiros: “A questão da fome é uma coisa que mexe muito comigo. Porque a fome não é vista pelos outros. A fome não dói para fora. Ela dói para dentro”.

Com o objetivo de fazer com que o Brasil possa deixar de figurar no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o presidente Lula, acompanhado do ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, assinaram na capital piauiense o Decreto que cria o Plano Brasil Sem Fome. A iniciativa articula 80 ações e programas dos 24 ministérios que compõem a Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), recriada neste ano.

Por meio das 100 metas propostas, a partir de três eixos de atuação – Acesso à renda, redução da pobreza e promoção da cidadania; Segurança alimentar e nutricional: alimentação saudável da produção ao consumo; e Mobilização para o combate à fome –, o Brasil Sem Fome tem como objetivo tirar o país do Mapa da Fome até 2030. O Plano ainda visa reduzir ano a ano as taxas totais de pobreza e a menos de 5% o percentual de domicílios em insegurança alimentar grave.

EMPREGO – Dirigindo-se a uma plateia que lotou o Teresina Hall, Lula afirmou que a fome que assola milhões de famílias é fruto da falta de dinheiro para a aquisição de alimentos. E disse ainda que este mal só deixará de existir no Brasil quando todos tiverem acesso a emprego e renda dignos.

“Todo mundo sabe o que é o sofrimento de uma mãe colocar uma criança para dormir sabendo que a criança está com fome. Essa criança acorda muitas vezes e não tem um pedaço de pão ou um copo de café com leite para tomar. Isso não deveria acontecer no Brasil. Porque o Brasil é um país rico. O Brasil é o terceiro produtor de grãos do mundo. O Brasil é o primeiro produtor de proteína animal do mundo. Então, qual é a explicação que um país que produz tudo como nós produzimos tenha 33 milhões de pessoas passando fome?”, indagou o presidente.

“O problema não é falta de comida. O problema é que o povo não tem dinheiro para ter acesso à comida. É por isso que a gente só vai acabar com a fome de verdade quando a gente tiver garantido que todo o povo trabalhador tenha um emprego e por esse emprego ter um salário e por esse salário ele possa criar a sua família. É esse país que nós temos que construir”, continuou.

Além do Decreto que instituiu o Plano Brasil Sem Fome, foram assinados em Teresina a Resolução 2/2023 da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (CAISAN), que regulamenta o Decreto do Brasil Sem Fome; o Decreto que convoca a 6ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, que será realizada em Brasília, de 11 a 14 de dezembro; e o Termo de Adesão do Estado do Piauí ao Plano Brasil Sem Fome.

CRAS, SUS E CADASTRO ÚNICO – Ao falar sobre o cumprimento das metas do Brasil Sem Fome, Wellington Dias afirmou que o Plano terá como pilares o Cadastro Único e a integração com o Sistema Único de Assistência Social (Suas) e o Sistema Único de Saúde (SUS).

“Teremos, neste caminho, uma estratégia de olhar a realidade de cada brasileiro. Para isso, nós vamos contar com a valorosa rede do Sistema Único de Assistência Social, o SUAS: cada CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), cada CREA (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), cada Centro POP (espaço que atende a população em situação de rua) que nós vamos fortalecer, ampliado com a área da segurança alimentar e nutricional, com a política de cuidados e também com a inclusão socioeconômica”, explicou o ministro.

“O Cadastro Único não é uma pesquisa. Temos a condição de acompanhar não só a condição do estado e do município, mas de cada família. E, agora, nós vamos integrar com o Sistema Único de Saúde, que passa em cada Unidade Básica de Saúde a examinar cada pessoa que ali chegar, detectando se tem desnutrição”, prosseguiu Wellington Dias.



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