“Eu nasci de novo, graças à generosidade de uma mãe que aceitou doar os órgãos do seu filho e de uma equipe que não mediu esforços para cuidar de mim, desde o primeiro atendimento, até os dias que virão. Sou grato a todos”. A declaração é de Willis Pereira Evangelista, 61 anos, ao receber alta após se submeter, em 26 de março, ao primeiro transplante cardíaco da Paraíba realizado em uma unidade pública de saúde, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, em Santa Rita, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde – PB Saúde.
Em menos de um mês, o paciente, que apresentou excelente recuperação, recebeu alta hospitalar na tarde desta quarta-feira (20). O cirurgião cardiovascular responsável pelo procedimento, Antônio Pedrosa, evidenciou a melhora clínica do paciente. “Desde o primeiro dia pós-transplante, a evolução de seu Willis foi melhor do que esperávamos. Em três dias, ele já se encontrava sem o dreno, o cateter e marca-passo, o seu corpo correspondeu bem, e tão logo ele pôde receber alta da UTI para enfermaria, e com o acompanhamento diário da nossa equipe médica e multidisciplinar, estamos hoje concedendo alta para casa”, pontuou.
Na saída do hospital, Willis foi surpreendido com uma homenagem preparada pela equipe que o atendeu nos últimos dias. A esposa, Suelly Pereira, emocionada junto ao companheiro, agradeceu pelo acolhimento e humanização por parte de todos da instituição. “Não há um sequer que trabalhe aqui que não tenha nos ajudado. O Willis, antes de receber a notícia de que haviam encontrado um coração compatível, tinha preparado doces para vender no fim de semana, e na sexta-feira ele se internou. Eu comentei aqui no hospital, e toda a equipe disse que eu trouxesse os doces que eles comprariam para nos ajudar. Nossa, gente, vocês não fazem ideia do quanto isso nos marcou, sem contar todo o cuidado e atenção a nós dois e aos filhos dele, que receberam notícias mesmo estando em São Paulo. Deus recompense a todos. Do governador, ao diretor, ao faxineiro, todos mesmos”, narrou emocionada a artesã.
Willis, sofria de miocardiopatia dilatada, doença também conhecida como coração crescido, que se agravava. Há um ano, estava na lista de espera pelo órgão, e seguia acompanhado pelo Ambulatório para Transplante Cardíaco do Hospital Metropolitano. A cardiologista clínica e coordenadora do ambulatório para transplante, Tauanny Frazão, comemorou a alta do paciente, relembrando os primeiros atendimentos. “Quando o recebemos aqui no ambulatório, identificamos a real necessidade para o transplante e listamos o senhor Willis na fila única para transplante. Eu sempre mencionava que o coração de 20 anos iria chegar para ele, e fomos surpreendidos pelo poder das palavras, e a compaixão de uma mãe em luto que foi capaz de autorizar a doação, e permitir que o nosso paciente continuasse a viver, graças ao coração do seu filho. Estamos felizes por tudo ter dado certo e gostaríamos de ressaltar a importância do sim da família doadora para a continuidade da vida”, disse a médica.
O diretor Gilberto Teodozio frisou que a equipe está pronta para receber pacientes com insuficiência cardíaca de qualquer município paraibano. “O nosso ambulatório funciona de segunda a sexta-feira e os interessados bastam agendar o atendimento através do número 83 3229.9157, para serem avaliados, e caso haja indicação de transplante, vamos listá-lo e acompanhá-lo até a chegada do órgão, da cirurgia e pós cirurgia”, esclareceu.
Apesar de ansioso para voltar à rotina normal em casa, que teve de interromper por conta da doença, o paciente afirmou que seguiria as recomendações médicas e que sentiria falta da equipe. “É interessante como a gente se apega aos enfermeiros, médicos, técnicos, a toda equipe, porque a gente sente a empatia que eles têm por nós. Eu seguirei orando pela vida de cada um, porque o que fizeram por mim só Deus para pagá-los”, se despediu com um sorriso no rosto e acenando para todos o primeiro transplantado de coração por instituições públicas no estado da Paraíba.
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